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Simpósio sobre Reforma Agrária e Questões Rurais da Uniara tem balanço positivo, segundo coordenadora

Publicado em: 05/07/2016

O “VII Simpósio sobre Reforma Agrária e Questões Rurais”, promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural - Nupedor e pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente – DTMA do Centro Universitário de Araraquara – Uniara, teve um retorno “extremamente positivo”, segundo a coordenadora do evento, Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante. As atividades, que contaram com cinco mesas-redondas e com treze sessões de apresentação de trabalhos orais, foram realizadas entre os dias 29 de junho e 1º de julho, na unidade I da instituição.

“Talvez tenha sido o melhor que já promovemos. Tivemos cerca de trezentos participantes, sendo 270 inscritos. Sentimos que as pessoas tiveram vontade de participar desses debates. A participação dos jovens foi intensa. Tivemos diversos campis da Unesp, como as de Presidente Prudente, Franca, Ilha Solteira, e também do campus de Buri, da Universidade Federal de São Carlos, além da presença de pessoas de outros estados”, destaca a docente.

Em sua avaliação, o Simpósio mostra que a questão da reforma agrária continua em evidência. “Os movimentos sociais podem ter posições que os aproximem da Uniara e vice-versa. Reafirmamos nossa posição de não transformar a instituição em uma ‘torre estéril’ de produção de conhecimento. Precisamos discutir esses temas”, diz Vera.

Sobre a primeira mesa-redonda, intitulada “Qual sociedade e qual agricultura queremos?”, ela acredita que chegaram a um consenso. “Queremos uma sociedade em que prevaleça a democracia e os direitos de todas as comunidades, como as indígenas e as quilombolas, além dos direitos dos assentados e agricultores familiares. Queremos uma sociedade em que o debate possa ser feito sem censura, que tenha órgãos que definam políticas públicas voltadas a esses segmentos”, afirma.

Outro ponto mencionado pela coordenadora foi a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. “Sua transferência para um setor do Ministério do Desenvolvimento Social é uma perda bastante significativa. Ao mesmo tempo, tivemos a questão ambiental intimamente ligada com a questão agrária, ou seja, vimos situações que mostraram a devastação da Amazônia e como isso causa transtornos de ordem ambiental e sanitária, e afeta a vida das pessoas”, comenta.

A mesa-redonda “30 anos de assentamentos rurais na nova república: um balanço dos impasses e perspectivas” gerou “uma discussão bastante calorosa”. “Não podemos desqualificar as políticas de assentamentos, o que foi feito em nome da não realização da reforma agrária se eu defini-la pela concentração fundiária. De fato, não houve desconcentração fundiária. Não podemos dizer que as políticas de assentamentos provocaram mudança em sua concentração, mas podemos dizer que os assentamentos provocaram uma mudança na qualidade de vida e alimentar”, ressalta a professora.

Em relação à mesa-redonda “Experiências de agroecologia em assentamentos: contrapontos”, Vera coloca que a estrutura fundiária não está sendo mudada, mas ela está “interferindo com algumas frentes para ver se há possibilidade de uma maneira diferente de se produzir sem agrotóxicos ou muitos insumos, uma maneira de estender mais amplamente esse consumo, de forma que as pessoas se alimentem melhor”.

Na mesa-redonda “A experiência continuada de formação para a pesquisa e a extensão”, ela conta que foi abordada a experiência da residência agrária, explanada pela professora Sonia Maria Bergamasco, da Unicamp. “Tivemos também a experiência do Núcleo Agrário Terra e Raiz – NATRA, de Franca, que tem uma história bonita de pesquisas e intervenção na luta pelos direitos, além de relatos do professor Antonio Thomaz Junior, que tem uma prática extensionista bastante prática com vários grupos, em Presidente Prudente. Saímos desse debate com a convicção de que não é mais possível fazer um ensino que não seja ligado à pesquisa. Por sua vez, não é possível fazer pesquisa sem estar voltada à comunidade e à extensão. Significa um conhecimento compromissado com a realidade social”, completa.

O pesquisador do Programa de Pós-graduação em DTMA e pós-doutorando, Henrique Carmona Duval, menciona que o simpósio faz parte de seu grupo de pesquisa. “Também realizamos pesquisa e extensão nos assentamentos da região. São três frentes importantes do Nupedor: os projetos, os eventos e as revistas. Todos os artigos recebidos – foram mais de duzentos trabalhos – serão disponibilizados em CD e no site da Uniara. É um material bastante rico para consulta”, avalia.

Ele lembra que o grupo tem realizado um projeto voltado à agroecologia. “No Simpósio, recebemos grandes referências no assunto, que vieram apresentar e discutir seus trabalhos. Há pessoas que vieram do Pará, ligadas ao Núcleo de Estudos em Agroecologia – NEA. Conversamos bastante e a ideia é fazer ‘pontes’ para fomentar alguns intercâmbios de nossa pós-graduação com o pessoal de lá, gerando um enriquecimento institucional”, destaca.

A intenção, de acordo com Duval, é que os trabalhos incentivem a participação dos produtores rurais na feira de alimentos orgânicos, planejada para ser realizada a partir da segunda quinzena de agosto, na unidade IV da Uniara. “A ideia é fortalecer esses laços”, ressalta.

Para a pesquisadora do Programa de Pós-graduação em DTMA e moradora do Assentamento Bela Vista, Silvani Silva, “é um orgulho saber que a Uniara debate um assunto muito importante, que é a reforma agrária”. “Inclusive a maioria das políticas públicas é evidenciada e legitimada por conta de eventos como esse. É um espaço onde você traz essa necessidade da reforma agrária e a importância dos assentamentos também. Além disso, foi importante a organização do evento pensar na geração futura. As crianças dos assentamentos vieram conhecer os espaços da instituição. Trazê-las para o debate e saber que a Uniara está a serviço do povo é primordial para nós, assentados”, avalia.

Foi organizada uma exposição chamada “Olhares”, com fotos tiradas pelas crianças em espaços dos assentamentos. “Elas saíram com uma experiência maravilhosa, orgulhosas de ver seus trabalhos expostos para tantos pesquisadores”, comenta Silvani.

Também moradora do Assentamento Bela Vista e pesquisadora do Programa, Ana Flávia Flores reforça que “eventos como esse são importantes para colocar em pauta os assentamentos, não somente de nossa região, mas de uma forma geral”. “Neste ano, foi abordado um caráter internacional, sendo que tivemos um panorama do assunto e das questões agrária e do campesinato da América Latina. Isso vem como modelo para podermos discutir e falarmos sobre as relações dos assentamentos rurais”, afirma.

Informações sobre o Programa de Pós-graduação em DTMA da Uniara podem ser obtidas pelo endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

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