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O uso excessivo das redes sociais

Publicado em: 11/04/2018

Não é segredo que as redes sociais, já há alguns anos, marca uma forte conexão entre o usuário e seus conhecidos, o que estreita a distância entre todos e facilita o contato, de maneira geral. Mas e quando seu uso ultrapassa esses objetivos e o vício toma conta do indivíduo? O que significa receber “likes”, para ele? E a relação física de amizade, em contraponto à virtual? A professora do curso de Psicologia da Universidade de Araraquara – Uniara, Daniela Cristina Mucinhato Ambrósio, fala sobre a questão e sugere “desconectar-se” por um dia.

“Isso está relacionado à incapacidade de conseguir controlar o uso dessas ferramentas, que servem à comunicação de forma saudável, ou seja, de modo que não ocasione problemas para a vida pessoal, profissional e familiar do indivíduo. Vivemos na era tecnológica, e é inegável que o advento das redes sociais trouxe benefícios à sociedade, como a possibilidade de reencontrar e manter contato com pessoas mais distantes fisicamente. Contudo, nessa mudança dos modos de ser e de se relacionar que acabamos sofrendo, temos observado que a aproximação com pessoas distantes pode levar a um paradoxal distanciamento das pessoas que estão próximas. E esse é o grande risco: o distanciamento da vida real”, aponta a docente.

Além dessa questão de isolamento, a busca pela popularidade também poderia ser um dos objetivos de quem permanece horas conectado, segundo ela. “Os estudos já realizados demonstram que algumas necessidades ligadas à gratificação podem levar a esse uso abusivo, pois as redes sociais podem ser utilizadas como refúgio para escapar dos sentimentos negativos, da solidão, ansiedade. São variados e complexos fatores que podem levar a essa busca constante pelas ferramentas, desde necessidades cotidianas, por exemplo, relacionadas a trabalho, até modos de ser e de se relacionar, um transtorno depressivo, a ansiedade, uma obsessão, a solidão, a necessidade de ser reconhecido, ou ainda a introversão ou uma autoestima elevada, o narcisismo”, explica.

O “like” recebido em uma publicação “pode ser uma maneira de a pessoa se sentir melhor, mais autoconfiante, que oportuniza uma sensação de satisfação, de ser reconhecida e amada, e pertencente a um grupo social - ainda que possa ser uma ‘falsa’ satisfação -, e que se relaciona inclusive com a ativação do sistema de recompensa cerebral, de prazer, de reforço”. “Os repetidos ‘likes’ podem ser sentidos como picos de bem-estar, enquanto que sua ausência pode ocasionar sintomas depressivos e ansiosos, angústia e tédio”, comenta Daniela.

A professora não acredita que seja possível o usuário perceber que a distração e o passatempo se tornaram um vício. “Não acho que isso possa acontecer, na medida em que existem - e devem continuar existindo - outros infinitos modos de diversão e entretenimento que não são analisados e vividos como vícios. No caso, estamos aqui tratando as redes sociais como um vício. Porém, se adequadamente utilizadas, sem excessos e sem causar prejuízos à vida social, pessoal e profissional do indivíduo, elas são muito eficazes”, reforça.

Em relação à faixa etária de quem sofre com o problema, na perspectiva da docente, nada impede que qualquer pessoa, em qualquer idade, não consiga se controlar e faça um uso excessivo das redes sociais, de modo a sofrer problemas em sua vida, caracterizando o vício. “Contudo, podemos dizer que as gerações mais novas, que já nasceram diante da tecnologia, ou seja, jovens, adultos-jovens e até crianças estão mais suscetíveis”, afirma.

A consequências do vício são muitas, segundo Daniela. “O maior risco, em minha opinião, é a pessoa distanciar-se/isolar-se da vida real. Em outros aspectos, temos estudos discutindo sobre o ser humano estar perdendo a capacidade de reconhecer expressões faciais, dado o foco nos ‘emoticons’. A postura corporal voltada ao uso do celular, então com a cabeça mais curvada, está se modificando e gerando os problemas decorrentes - dor no pescoço e na região lombar, e tendinite por passarem muitas horas ‘rolando’ as telas e digitando nas redes sociais. Lembrando que, em razão de seu uso, já convivemos com uma geração que escreve menos quando tomamos por referência os antigos textos encadeados, longos e detalhados - tais quais as antigas cartas manuscritas - e que, do contrário, é a geração que mais escreve do seu próprio modo - abreviado, entrecortado, e o tempo todo. Isso sem falarmos do aumento do nível de ansiedade, dos conflitos nas relações motivados pelas comunicações virtuais, de prejuízos aos rendimentos acadêmicos/escolares etc”, alerta.

Para a possibilidade de tratamento do problema, em sua visão, é necessária, a princípio, a discussão a respeito da questão do vício como um alerta a todos. “Entendo que a observação dos motivos que podem estar levando ao uso excessivo das ferramentas é que vai ditar a alternativa para sanar o problema da dependência e a necessidade de buscar por profissionais de apoio. Então, por exemplo, se o uso abusivo estiver relacionado a uma introversão ou ansiedade exacerbada, um profissional da saúde mental pode auxiliar”, esclarece.

As próprias redes sociais podem auxiliar no tratamento, de acordo com Daniela, de variadas formas. “A internet, de um modo geral, já é inclusive utilizada na defesa do uso digital consciente e na oferta de suporte ao uso abusivo. Além disso, penso que, nesse cenário que descrevemos aqui, vale bastante a pena o exercício de autopercepção que busque responder à pergunta: ‘E eu, como e com qual frequência, no meu dia, tenho utilizado as redes sociais?’ Lembrando que é sempre válido desconectar-se por algumas horas. Mas costumo sempre indicar o desafio de desconectar-se por um dia para perceber-se, sem as redes sociais. É muito interessante”, finaliza.

Informações sobre o curso de Psicologia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.



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