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Ex-alunas de Biologia da Uniara fazem pesquisa sobre a avifauna no agroecossistema de cana-de-açúcar de Araraquara

Publicado em: 29/02/2016

“Levantamento da Avifauna em um Agroecossistema de Cana-de-açúcar, Município de Araraquara, SP” é o título do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado pelas ex-alunas do curso de Biologia do Centro Universitário de Araraquara – Uniara, Miriam Aparecida de Souza Serra e Priscila Aparecida Alves da Silva, sob orientação do professor Olavo Nardy.

Elas contam que o estudo foi realizado em um fragmento de mata localizado em meio ao cultivo de cana-de-açúcar. “Por meio desse diagnóstico, buscamos compreender as interações existentes entre a avifauna silvestre e os ecossistemas nativos e agrícola, e como elas podem afetar a população de aves e a vegetação nativa que, em tese, são ou deveriam ser áreas de preservação permanente – APPs”, explicam as ex-estudantes, ressaltando que a temática da conservação sempre será muito relevante, “principalmente quando direcionada para educação e conscientização da população”.

“Observar aves aparentemente pode não parecer relevante, mas a avifauna, por suas características diversas de alimentação, habitats e capacidade de adaptação, pode ser utilizada como um bioindicador das condições em que o meio ambiente se encontra, abrangendo tanto os fragmentos de áreas verdes quanto o seu entorno. Nosso estudo utilizou esse bioindicador com o intuito de buscar informações sobre a diversidade encontrada na área canavieira, tendo por base um fragmento de mata ciliar muito antropizado, realidade essa encontrada em quase todo o território paulista”, comentam Miriam e Priscila.

Elas apontam que as pessoas desconheciam que o estado de São Paulo possuía cerca de 80% de seu território coberto por florestas, e que a pior devastação ocorreu muito recentemente pelo avanço da agricultura e pecuária no início do século XX. “Sem a manutenção da biodiversidade, tanto de fauna quanto de flora, estamos perdendo em produtividade na agricultura, e as terras antes férteis justamente pela presença das áreas verdes nativas, estão empobrecendo de forma gradativa, necessitando cada vez mais da utilização de químicos fertilizantes e pesticidas, o que encarece a produção e causa danos à nossa saúde. Ou seja, preservar é um bom negócio”, destacam as ex-alunas.

Em sua pesquisa, a dupla afirma que, na área estudada, foram identificadas 29% do total de espécies descritas para a região de Araraquara, das quais 77% apresentam baixa sensibilidade a modificações tróficas e boa adaptação a ecossistemas variados, antropizados e até mesmo urbanos, além de não serem dependentes de biomas específicos. “O local de ocorrência dos avistamentos também é típico de aves generalistas, com 66,03% das espécies registradas utilizando as bordas do fragmento florestal e do cultivo da cana; 28,30% foram avistadas no fragmento florestal e apenas 5,66% no cultivo de cana, que no caso sofreu muitas intervenções no período do estudo. Quanto aos hábitos alimentares, 62% são insetívoros e onívoros, e apenas 6% possuem hábitos específicos como piscívoros, nectarívoros e necrófagos”, detalham Miriam e Priscila.

Além disso, elas ficaram surpresas ao constatar a presença das aves saracura-três-potes (Aramides cajaneus), “que apresenta alta sensibilidade no interior do fragmento”, e o uí-pi (Synallaxis albescens), “que consta da lista de aves quase ameaçadas no estado de São Paulo”. “Mas os dados obtidos nos mostraram que o fragmento florestal está sujeito às influências da matriz à sua volta, ou seja, o sistema canavieiro e seu manejo, e a avifauna que o ocupa ou utiliza, está diretamente ligada a essa interação, em que habitats altamente antropizados, artificiais e com mosaicos monótonos de vegetação não permitem a ocupação por animais de alta sensibilidade e hábitos especializados, além de não possuírem um aporte adequado de recursos que possibilitem uma maior diversidade de espécies”, ressalta a dupla.

Elas explicam que as espécies de aves registradas, em sua maioria, são encontradas em ambientes abertos ou bordas florestais, e são onívoras e insetívoras, com grande capacidade de adaptação por sua capacidade sinantrópica, e que, por isso, podem se expandir por todo o estado e em grandes áreas do país. Entretanto, as ex-alunas colocam que, em alguns casos, tornam-se dependentes de recursos gerados por atividades humanas para sua alimentação e sobrevivência. “Desse modo, podem se tornar uma ‘praga’ que ocupa campos e cidades, sem predadores ou controle para sua população, e não auxiliam na recuperação da vegetação nativa, já que, por seus novos hábitos, terão uma interação restrita com os fragmentos florestais”, destacam.

“Infelizmente encontramos muitas barreiras para a realização da pesquisa, além de nossa inexperiência, pois cana e aves são assuntos corriqueiros e aparentemente banais. Visualizados constantemente, não se dá a devida importância à utilização de agroecossistemas em conjunto com a preservação, há poucos estudos e trabalhos sobre o assunto, mas sempre com os olhos voltados para o fragmento florestal, sem a percepção de que a paisagem é um todo, feita de mosaicos intimamente ligados, e que não adianta preservar o fragmento se o manejo ao redor não for ecológico e equilibrado. A fauna não compreende nossas fronteiras”, advertem.

Miriam e Priscila fazem questão de mencionar o auxílio de diversos docentes. “Encontramos pesquisadores fantásticos, como o professor José Roberto Miranda, da Embrapa, que gentilmente nos forneceu seu trabalho, além do apoio dos professores da casa - não só o querido orientador, professor Olavo Nardy, mas também outros, como a professora Flávia Sossae ou o professor João Sé, que sempre estavam dispostos a tirar dúvidas e dar sugestões -, além da coordenadora do curso, Teresa Kazuko Muraoka, que nos apoiou a todo instante”, finalizam.

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