MEMÓRIA IMAGÉTICA DE UM VELHO ASSENTADO Marina Monteiro de Queiroz Ravazzi* Eduardo Pereira Mussi* Maria Fernanda Rodrigues de Lima* Sérgio Roberto Cardoso* O ensaio fotográfico que propomos apresentar foi realizado em uma das filmagens do documentário “Memórias dos Velhos Assentados”, ainda em produção, vinculado ao projeto “Os Sentidos da Luta pela terra na memória dos velhos assentados”, fomentado pelo CPEA Centro de Pesquisas e Estudos Agrários da UNESP de Marília. Este ensaio retrata o primeiro contato com o Assentamento Reunidas, localizado na cidade de Promissão/SP e, em particular, com um de seus moradores mais idosos, Sr. João Martiniano, personagem do ensaio aqui exposto. O registro das imagens de Martiniano apresenta um “naco” de seus sonhos e metas no momento da luta; e, posteriormente, já na condição de assentado, as realizações e as frustrações da realidade de quem vive na terra. Pensou-se na fotografia por esta possuir certa postura em relação à história e às configurações sócio- culturais que privilegia a recuperação do vivido; e este por sua vez, a memória. Neste sentido, entende-se que as pessoas com mais idade possuem uma disposição peculiar em falar do passado, como se fizessem um “balanço” da própria vida. Assim, constatamos, primeiramente, a impossibilidade de pensar os assentados como um conjunto, pelas particularidades da história de cada um. Contudo, a memória do ideário camponês, que aspira a terra como morada provedora da * Graduandos da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília. subsistência e local em que a liberdade e autonomia são efetivamente vividas, aparece como um fator unificador. Além de esta ser compreendida como o mundo do vivido, dos afetos, das trocas e das apropriações culturais cotidianas do trabalho e do ócio, onde se constrói a existência social do ser humano. Existência esta, que não pretendemos romantizar, mas reconhecer a grandeza de seus homens e mulheres, principalmente por pertencerem às múltiplas diferenças dentro da diferença: o de ser um homem do campo. Referências: ANDRADE, Rosane de. Fotografia e Antropologia: Olhares Fora-Dentro. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. GOHN, Maria da G. (Org.) Movimentos Sociais no Séc XXI: Antigos e novos Atores Sociais. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2003. MARTINS, José de Souza. A Chegada do Estranho. São Paulo-SP: Hucitec, s.d. SAMAIN, Etinne (Org.). O Fotográfico. São Paulo-SP: Editora do SENAC, 2005. SIMONETTI, M. C. L. (Org.). Reforma Agrária, assentamentos e cidadania -a construção de novos espaços de vida. Marília: UNESP, 2003. * Graduandos da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília.