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Os desafios habitacionais da arquitetura e do urbanismo

Publicado em: 08/11/2017

Arquitetura e Urbanismo quase sempre andam juntos quando o assunto é o ensino superior. Além disso, ainda existem muitas dúvidas sobre o que é o urbanismo. A coordenadora da graduação da Universidade de Araraquara – Uniara, Sálua Kairuz Manoel Poleto, conta que, no Brasil e em outros países, a formação é realizada dessa maneira “pelo entendimento de que as duas atividades trabalham de forma associada”. A professora aproveita para falar sobre os desafios da profissão, e aponta problemas de ordem habitacional das cidades que devem ser solucionados.

“De modo geral, não seria possível pensar no projeto de cada edifício de forma isolada - residencial, comercial, institucional etc -, pois estão inseridos no contexto urbano, e seu idealizador precisa conhecer suas dinâmicas e processos. Também não seria possível pensar o urbanismo - planejamento de cidades, requalificação de áreas existentes, equipamentos urbanos, legislação etc - sem entender que a cidade é feita da interligação dessas pequenas partes que, por sua vez, também possuem dinâmica própria e impactos específicos na vizinhança”, explica a docente.

Como exemplo, ela menciona que o arquiteto não faz apenas residências unifamiliares, mas todo o tipo de edificação ou espaço que compõe a cidade, como praças, parques, terminais rodoviários, condomínios de prédios, de casas, shoppings etc. “Quando projetamos um condomínio de edifícios residenciais, percebemos que a tipologia habitacional - casa isolada, geminada, prédio ou bloco -, ou seja, escolhas do projeto de arquitetura, está intimamente ligado ao projeto de urbanismo, já que cada tipo resulta em uma ocupação do espaço completamente diferente, com necessidade maior ou menor de terreno para as construções. Os projetos de complexos residenciais ou comerciais exigem conhecimentos específicos de arquitetura e de urbanismo para se chegar uma boa solução, seja em relação a eles ou à sua vizinhança”, esclarece.

No entanto, Sálua lembra que alguns países separam a arquitetura do urbanismo, mas que, “no Brasil, busca-se uma formação generalista na graduação para que o profissional possa escolher, após sua formação, especializar-se e atuar com competência em qualquer uma das diversas áreas que envolvem ambos, como planejamento urbano, paisagismo, arquitetura de interiores, intervenção em conjuntos históricos etc”.

 

Desafios

A maior parte da população brasileira vive, hoje, em cidades, de acordo com a docente, o que indica, em sua opinião, que os grandes desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados estão no âmbito do meio urbano. “Nossos municípios carregam décadas de crescimento pautado apenas pela lógica da especulação imobiliária, na qual a produção da cidade acontece de acordo com o que o mercado imobiliário deseja, e não pelo que as pessoas e o meio ambiente precisam. Essa maneira de produzir as cidades não está dando certo. Basta ver os problemas de enchentes, desmoronamentos, engarrafamentos, processos de favelização e bolsões de pobreza que enfrentamos atualmente, entre tantas outras dificuldades que são frutos do processo de ocupação do solo devido à especulação”, aponta.

Para ela, já é hora de a sociedade brasileira – “o cidadão comum, não o arquiteto e urbanista” -, “se conscientizar que esses problemas se dão pela falta de planejamento urbano e de políticas públicas voltadas para o problema habitacional, ambiental e de mobilidade”. “É preciso entender, por exemplo, que a construção de enormes conjuntos habitacionais na periferia, a quilômetros de distância da cidade e dos serviços e ofertas de emprego, cria bolsões de pobreza, sem oportunidade de inserção urbana e social, com custos altíssimos para o município, inclusive no combate à violência urbana”, alerta.

Como consequência, a coordenadora afirma que, além dos problemas que os conjuntos habitacionais e loteamentos populares irão enfrentar pela exclusão socioespacial, “a oferta de moradia digna para as camadas mais pobres da população não supre a demanda nas nossas cidades”. “A alternativa encontrada historicamente é a ocupação irregular de terrenos privados ou públicos com autoconstrução, o que é um problema e uma solução ao mesmo tempo, dada a falta de alternativa. Talvez um dos caminhos do urbanismo e do planejamento urbano no Brasil seja reavaliar as formas de ocupação e regulação dos espaços, abrindo caminho para a Engenharia e Arquitetura social”, reflete.

Outro vasto caminho a ser percorrido, segundo Sálua, “está na equalização dos problemas ambientais nos centros urbanos, como tamponamento de rios, poluição, supressão de matas nativas e ocupação de Áreas de Preservação Permanente - APP, entre outras ações urbanas, até certo ponto comuns, mas que são desastrosas para o meio ambiente”.

“Não podemos perder de vista que as cidades que mais se destacam hoje pela qualidade de vida são justamente aquelas que em algum momento da sua história recente enfrentaram os problemas urbanos de forma consciente e consistente, com preocupação ambiental e social. O urbanismo precisa atender a essas duas questões nos municípios brasileiros, para que possamos vislumbrar um futuro com mais qualidade de vida, com um legado positivo para as gerações futuras. Formar arquitetos e urbanistas conscientes do seu papel no processo de produção das cidades é um grande passo nesse sentido”, finaliza a coordenadora.

Informações sobre o curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.



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