202403290256

Notícias

Febre amarela: tipos de transmissão

Publicado em: 09/02/2017

Araraquara está, hoje, entre as cidades que fazem parte da área de risco de infecção por febre amarela, o que tem ocasionado uma grande procura pela vacina. Entretanto, o professor do curso de Medicina da Universidade de Araraquara – Uniara e diretor do Serviço Especial de Saúde de Araraquara - SESA, Walter Manso Figueiredo, esclarece que as áreas de risco são identificadas como locais onde estão ocorrendo episotias, ou seja, casos de febre amarela entre primatas, dentro das matas. Dessa forma, ele acredita que não há motivos para a grande procura pela vacina, para quem mora no perímetro urbano, “já que não existe febre amarela urbana desde a década de quarenta”, mas que pessoas que vivem em regiões rurais ou vão a esses lugares constantemente, devem se vacinar.

Ele explica que o problema, portanto, vem de dentro da mata naturalmente, entre macacos e mosquitos que ali habitam, principalmente os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. “Normalmente observamos os macacos. Se há morte, investiga-se se não morreu por febre amarela silvestre, para acompanhar essa questão. Portanto, se a pessoa entrar na mata, corre o risco de contrair a doença. Os casos atuais, seja em Américo Brasiliense, ou no estado de Minas Gerais, aconteceram dentro da mata. Isso nos dá tranquilidade, momentaneamente”, afirma.

A grande vantagem da cura da febre amarela, de acordo com Figueiredo, é que ela tem uma vacina extremamente eficaz. “Antigamente, a norma técnica preconizava que, a cada dez anos, seria preciso tomar uma dose. Então, foram feitos vários estudos em relação a isso. Hoje, quem nunca tomou, precisa de uma dose, e esperar dez anos para tomar outra. Para quem tomou há menos de dez anos, deve esperar completar o período para tomar a próxima”, ressalta.

Já no caso de pessoas que ainda não se vacinaram e que vão para áreas de mata, o indicado pelo professor é o uso de muito repelente e roupas que cubram toda a superfície do corpo. “Se for dormir na selva, o local precisa ter tela de proteção, além de outros cuidados”, diz.

A vacina leva cerca de dez dias para começar a fazer efeito. “Depois que você a toma, seu sistema imunológico, para começar a criar anticorpos, demora mais ou menos esse tempo. Trata-se de uma vacina com vírus vivo, porém, atenuado”, detalha o docente.

Há, entretanto, contraindicações formais da vacina, como ele aponta. “Há grupos que não devem tomá-la. Existem pessoas que, em determinadas condições, apresentam imunidade baixa, o que pode ocasionar eventos mais graves. Portanto, em determinadas situações, procura-se evitar a vacinação, como em gestantes, mães que estão amamentando, crianças menores de nove meses, a não ser em áreas de transmissão da doença muito intensas – no caso, são vacinadas com seis meses”, relata.

“Geralmente a febre amarela tende a se resolver em cinco ou seis dias, e não acontece nada. Eventualmente pode evoluir para casos mais graves, que é a nossa grande preocupação. São casos raros, mas quando acontecem, existe uma mortalidade muito grande”, alerta o professor, mencionando que não há um tratamento específico para a doença. “A pessoa geralmente é internada na Unidade de Terapia Intensiva - UTI, e é preciso recompor sua hidratação. Também são verificadas a saturação de oxigênio e as condições do fígado e do rim, ou seja, é um tratamento de manutenção, onde tenta-se corrigir uma eventual hemorragia. Muitas vezes, o paciente acaba evoluindo bem e fica curado; em outras ocasiões, evolui mal, o que pode levá-lo a óbito”, destaca.

 

Febre amarela urbana

Mesmo sem haver casos há décadas, a atenção para a urbanização da febre amarela existe. “Um indivíduo entra na mata, é contaminado, vem para a cidade e entra em contato com o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. O mosquito adquire capacidade de contaminar outras pessoas. Nesse caso, vira febre amarela urbana, que seria nossa grande preocupação hoje”, aponta o diretor, que lembra que o Aedes também é responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya.

Figueiredo lembra que os sintomas são muito parecidos entre as quatro doenças transmitidas pelo Aedes. “Costuma começar com febre, dores de cabeça e no corpo. No caso da amarela, a pessoa pode ter a infestação do vírus em vários órgãos, o que gera insuficiência hepática e renal, sendo que a primeira pode dar a cor amarelada na pele e nos olhos, com sinais parecidos com os da hepatite. Muitos casos são assintomáticos, ou há sintomas muito fracos”, afirma o professor, acrescentando que, eventualmente, pode aparecer vermelhidão no corpo – principalmente em casos de dengue.

Evitar a proliferação do Aedes aegypti, portanto, é fundamental para se evitar a febre amarela urbana. “Ele é o grande transmissor. Se acabarmos com o mosquito, livraremos a população de ter a febre amarela urbana, dengue, zika e chikungunya, logo de cara”, enfatiza Figueiredo, que aproveita para reforçar que as três últimas também são graves, e não têm vacina. “Chikungunya traz sequelas para o resto da vida, enquanto zika também é um grande problema, especialmente quando pensamos em gestantes e em bebês com microcefalia”, completa.

Medidas para o combate do Aedes são simples. “Consiste, basicamente, em evitar a água parada em vasos, pneus, garrafas, calhas, caixas d’água, ou em terrenos baldios. Estamos em um período de muita chuva e temperaturas altas, o que é ótimo para a proliferação intensa do mosquito. Cada um deve tomar cuidado em suas casas”, avisa Figueiredo, que recomenda um link do site do Centro de Vigilância Epidemiológica – CVE, sobre a febre amarela - https://goo.gl/1V9DzB.

 

Vacinação no SESA

“No município, estamos observando algo importante, considerando essa ‘corrida’ pela vacina. Teoricamente, as pessoas já deveriam estar vacinadas, pelo calendário oficial. Porém, muitas delas não fizeram isso, o que gerou essa grande procura”, observa o docente.

No SESA, ele lembra que há uma sala de vacinação funcionando normalmente para a aplicação daquelas do dia a dia. “Contudo, como há muita gente procurando a da febre amarela, criou-se um problema de vazão. Não conseguimos fazer isso no tempo que gostaríamos, e as pessoas precisam esperar um tempo. Já colocamos mais uma sala, mas ainda levamos um período para atender todos” comenta o diretor, reforçando que não há pressa para uma pessoa se vacinar, se ela continuará na cidade, e que unidades da prefeitura também atendem, em dias específicos.

Últimas notícias:

Busca

Selo e-MEC: UNIARA
Reproduzir o conteúdo do site da Uniara é permitido, contanto que seja citada a fonte. Se você tiver problemas para visualizar ou encontrar informações, entre em contato conosco.
Uniara - Universidade de Araraquara / Rua Carlos Gomes, 1338, Centro / Araraquara-SP / CEP 14801-340 / 16 3301.7100 (Geral) / 0800 55 65 88 (Vestibular)
N /

Saiba o que fazemos com os dados pessoais que coletamos e como protegemos suas informações. Utilizamos cookies essenciais e analíticos de acordo com a nossa política de privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

ENTENDI